quarta-feira, 16 de junho de 2010

Prefeitura entrega casas populares sem infraestrutura


No final do mês de abril a prefeitura realizou a entrega de cinco casas na rua Edna Lima de Moura Falcão, bairro Pousada das Thermas, a famílias que não tinham onde morar. O projeto da casa nova, o sonho de morar em uma residência digna foi rapidamente transformado em pesadelo. Após entrarem nas casas os moradores perceberam que o local não oferecia as mínimas condições de sobrevivência digna.

Nazaré Maria foi uma das moradoras que após ter perdido sua casa na Favela do Fio durante as chuvas de 2008 foi amparada pela prefeitura. "Fiquei morando durante alguns meses na 'Casa da Nossa Gente' e depois a prefeitura ficou pagando o aluguel da minha casa por uns dois anos. Mas, quando essas casas foram construídas elas me deram a chave e disseram que eu fosse logo se não as casas seriam invadidas. Como eu estava desempregada e não tinha como pagar aluguel, eu fui", conta a dona de casa.

Nazaré relatou que com quatro crianças para cuidar foi morar na nova casa e logo percebeu os problemas. "Recebi a casa no dia 26 de abril. Quando cheguei a casa não tinha água encanada, nem energia, nada. É um sufoco grande. Para conseguir água tenho que pedir na casa dos vizinhos e trazer o balde na cabeça. Precisamos de água para tudo, lavar roupas, banho e cozinhar. Se a gente quiser uma quantidade maior de água tem que pagar R$ 5 por tonel para que uma pessoa vá buscar em uma carroça", conta o sofrimento.

Sem energia, a dona de casa procurou a Cosern para fazer a ligação, no entanto a caixa onde fica o medidor de consumo que foi colocada pela própria prefeitura é inadequada. "O pessoal da Cosern disse que a caixa tem que ser transparente, se não eles não podem fazer a leitura do consumo", conta. Além disso, seria necessário instalar postes nas proximidades, já que o último poste da rua está localizado a 200 metros das casas.

"Com a Caern o problema foi ainda pior. Não tem nem os canos para fazer a ligação da água e fomos informados que nós teríamos que comprar. Mas dá quase R$ 2 mil de cano e nós não temos condições de pagar", disse Nazaré. Segundo ela, os moradores chegaram a ir à prefeitura para cobrar uma solução. "Mas, eles disseram que isso já não era mais problema deles, que eles já tinham entregue a casa", conta Nazaré.

Os moradores garantem, no entanto, que poderiam pagar as contas de água e energia já que possuem o benefício do Bolsa Família. "Nós só queríamos uma solução para o problema, pois o sufoco aqui é grande", disse Nazaré em nome de todas as famílias que passam pelo mesmo problema. A secretária de Desenvolvimento Territorial e Ambiental de Mossoró, Kátia Pinto, foi procurada para explicar o assunto, mas segundo informações da secretaria, ela está em Natal.