quinta-feira, 24 de junho de 2010

'Rei do pop' já desbancou 'rei do rock' em mercado de sósias, diz agência

Rodrigo Jam, sósia de Michael Jackson, em cenaRodrigo Jam, sósia de Michael Jackson,em cena
(Foto: Divulgação)

O dia da morte de Michael Jackson, 25 de junho de 2009, foi um dos mais tristes na vida de milhões de fãs em todo o mundo. Tão fascinados com o ídolo a ponto de tentar imitá-lo, os sósias do rei do pop também lamentaram a perda, mas ao menos profissionalmente não têm do que reclamar: de um ano para cá, nunca tiveram tanto trabalho.

Segundo a agência O Gordo e o Magro, especialista nesse mercado, o falecimento do cantor representou um aumento de 300% na demanda por shows com seus imitadores.

A empresa hoje agencia três covers do astro, sendo que dois deles são cover do cover, ou seja, substituem o “oficial” quando esse não dá conta do trabalho, que vai de festas infantis a casamentos e eventos corporativos.

“Tem show solo, pocket ou com produção completa. O cachê vai de R$ 800 a R$ 5 mil”, explica a atriz Nilce Aparecida Costomski, gerente da O Gordo e o Magro. Ela diz que a procura nos últimos meses foi tamanha que MJ tirou de Elvis Presley o posto de artista mais imitado. “As crianças adoram o Michael. Elvis é aquela coisa de quarentão”, teoriza.

Rodrigo Jam, de 24 anos, diz que nas piores fases da carreira do cantor, aquelas em que ele era massacrado pela mídia em processos judiciais, chegou a se apresentar duas vezes por mês como cover do astro. Só no último ano, revela, chegou a fazer dez shows no mesmo período, em diversos estados do País.

Mais do que financeiramente, a morte de Michael Jackson também ajudou a impulsionar "moralmente" a carreira dos sósias. “O Michael passou a ser visto de uma maneira mais artística. Sempre tive casos de clientes que ficavam receosos em me contratar, de que eu fosse virar motivo de piada”, diz Rodrigo Teaser, de 30 anos, sendo 21 deles como cover de Jackson.

“Hoje o foco passou a ser a obra, e não a vida pessoal de Michael. As pessoas sentiram sua falta. Todo mundo percebeu que se trata de um artista genial, e deixaram de lado as esquisitices os escândalos que marcaram sua vida pessoal. Todo mundo quer mesmo é ouvir hits como ‘Thriller’ e ‘Billy Jean’”, concorda o performer gaúcho Nikky Goulart, de 36 anos.

Rodrigo Teaser diz que hoje  faz shows que vão de festas  infantis a casamentosRodrigo Teaser diz que hoje faz shows que vão de festas infantis a casamentos (Foto: Divulgação)

Apadrinhado pela 'tia Rita'
Reconhecido como um dos sósias mais parecidos com o rei do pop no mundo, Goulart conquistou até a roqueira Rita Lee quando foi à caráter assistir a um show dela em Florianópolis e acabou saindo de lá com um novo emprego.

“Eu me apresentava como sósia do Michael num parque temático em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, em setembro. Fiquei sabendo de última hora que Rita se apresentaria em Florianópolis. Então, corri para lá, ainda caracterizado. Ela me percebeu na plateia e me chamou ao palco para uma canja no meio do espetáculo. Cantei a música ‘Bad’, meio de improviso, e fui convidado para fazer parte da turnê”, explicou Goulart, que adota o visual mais recente de Jackson nas apresentações: pele branca e cabelos lisos.

Nikky Goulart, sósia de Michael Jackson, durante participação  no show da cantora Rita LeeNikky Goulart, durante participação no show da
cantora Rita Lee (Foto: Divulgação)

De acordo com os sósias ouvidos pelo G1, o look mais copiado do cantor é o do começo da década de 1990, da turnê do álbum “Dangerous”, que passou pelo Brasil: cabelo comprido e encaracolado, rosto com muito pó e óculos modelo aviador. As roupam variam: podem ser aquelas cheias de tachas com referências ao exército, como as do show dessa época, ou que façam referências aos videoclipes de “Thriller”, “Bad”, “Smooth criminal” e “Black or white”.

No mundo dos sósias, cada detalhe é um diferencial. Por isso, Teaser alerta que justamente o cuidado com o visual é uma das principais dicas para se diferenciar sósias reais de Michael Jackson daqueles “genéricos” - com o mercado em alta, teve muita gente aprendendo a fazer o Moonwalk para ganhar uns trocados.

“Teve até sósia aposentado que voltou ao batente”, brinca o imitador profissional, que em sua “apresentação top” utiliza efeitos pirotécnicos e 10 bailarinas em um show de 1h30, que realiza metade dublando e outra cantando.

Para Jam, o segredo é não inventar: físico, dança e trejeitos, tudo tem de ser igual. “Mas nenhum cover jamais chegará perto de ser Michael Jackson”, admite.